A recente valorização do dólar, atingindo R$ 5,65 e acumulando alta de 16,5% no ano, tem causado grande impacto na economia brasileira. Segundo relatório do BTG Pactual, empresas do Ibovespa como C&A, Renner, Gol e Azul estão entre as mais afetadas. A desvalorização do real afeta especialmente aquelas com custos ou dívidas em dólar, mas receitas em reais, como companhias aéreas e varejistas industrias texteis químicas entre outras.
Gol e Azul são exemplos claros, pois enquanto recebem pagamentos em reais, grande parte de seus custos, especialmente combustíveis, é em dólar. A M.Dias Branco, que vende quase toda sua produção no Brasil, enfrenta desafios similares com 60% de seus custos em dólar devido ao trigo.
Renner, C&A e Hering, com 30% de seus custos atrelados ao dólar por conta da importação de peças, também sofrem. Este descasamento entre custos e receitas tende a agravar as margens dessas empresas, já pressionadas por juros altos e concorrência de sites asiáticos.
Por outro lado, empresas exportadoras como Suzano e Vale se beneficiam, já que recebem quase toda a receita em dólar, mas têm custos relativamente menores em moeda estrangeira. A Petrobras, com 80% das vendas em dólares, e a Embraer, com 93%, também estão bem posicionadas para aproveitar a alta do dólar.
Os balanços do segundo trimestre devem refletir esses impactos, mas as consequências vão além das finanças. A desvalorização cambial desorganiza o planejamento de longo prazo das empresas, levando ao adiamento de investimentos em expansão. Esse cenário de instabilidade fiscal agrava ainda mais a situação.
Além disso, a desvalorização do real torna as empresas brasileiras menos atrativas para investidores estrangeiros, mesmo com aumento do faturamento em reais. A redução no radar de investidores pode adiar ainda mais a retomada dos IPOs na bolsa brasileira. A alta do dólar, portanto, apresenta um cenário complexo de perdas e ganhos, afetando diferentes setores de maneiras variadas.

fonte: investnews.com.br