Voluntários da Marina Vieira Leal

Alunos dão exemplo de cidadania e participação comunitária

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Alunos dão exemplo de  cidadania e participação comunitária

Sorridente, a jovem Caroline Alves de Almeida, 14 anos, recortava uma folha de papel colorida dando forma a um pequeno balão, adorno muito usado nas festas de São João que ocorrem nesta época do ano em várias regiões do Brasil. "Tô ajudando desde as 7h30 da manhã", diz a jovem sem demonstrar nenhum cansaço, só satisfação pelo trabalho voluntário.
Caroline e outras colegas ficaram encarregadas de preparar a decoração para o dia seguinte (11 de julho) quando seria realizada a Festa Julina na Escola Básica Marina Vieira Leal, no bairro Barracão. Todas estavam entusiasmadas e na expectativa do mais concorrido evento da tradicional instituição de ensino do bairro. Carolina participa todos os anos dos preparativos da festa. Os alunos são dispensados das aulas. "Estudo aqui desde a pré-escola e gosto muito dos colegas e professores", resume Caroline com a simplicidade peculiar à juventude.
Em outro "departamento", o jovem Rodrigo Schmitt, 13 anos, quase não tinha tempo para conversar. Compenetrado, ele produzia os cartazes com o nome dos alimentos comercializados durante a festa. "Acabei de formar a palavra cachorro quente", gabava-se o aluno da 7ª série da Mariana Vieira Leal.
Neste ano, Rodrigo se dedicou apenas a ajudar na decoração da festa. Em outros, no entanto, o jovem foi noivo e padre no irreverente casamento caipira. "Gosto muito de participar da encenação, mas este seria meu terceiro ano consecutivo, por isso desisti para que outro colega tivesse a chance de participar", explica Rodrigo. Dança da quadrilha, roda da fortuna, fogueira e muita comida típica fizeram parte das atrações da festa que repetiu o sucesso de anos anteriores. O dinheiro arrecadado é revertido para melhorias na escola. Para a direção, este tipo de atividade promove a integração entre os alunos.

Reforma nas instalações revitalizou o ambiente da escola

Além dos festejos julinos, havia um outro motivo para pais, alunos e funcionários da escola Marina Vieira Leal estarem felizes. No mês de junho, praticamente concluíram-se as obras de reforma das instalações que haviam iniciado há mais um ano. Em novembro de 2008, a escola foi duramente castigada pelas enchentes, com a queda do muro e uma lâmina de água de 30 centímetros que tomou conta dos dois prédios. "Nunca a escola havia sido atingida por enchentes, por isso não estávamos preparados para enfrentar a situação. A água destruiu documentos, livros, equipamentos eletrônicos entre outros objetos", relata o responsável pela administração, Enéas Marcos Lana. A escola recebeu recursos do governo federal, via Defesa Civil do Estado, para recuperar os estragos.
Desde o ano passado, o governo vem repassando verbas para melhorias na escola como a troca de telhas, forros, pisos e fiação elétrica. A instituição também recebeu uma nova pintura interna e externa. "É praticamente uma nova escola", comemora a professora Analice Klaumann. A diretoria ainda aguarda recursos para a implantação do sistema de drenagem do terreno, o que vai amenizar novas inundações, e para a instalação de luminárias na área externa.
Neste trabalho de reforma, a diretoria da escola não esteve só. A APP - Associação de Pais e Professores - também participou, inclusive repassando recursos do caixa para a compra de materiais para a pintura. A comunidade ajudou na limpeza e pintura.
A Marina Vieira Leal ficou quase três anos sem receber melhorias na sua infraestrutura. As infiltrações no telhado em dias de chuva forte obrigavam os professores a suspenderem as aulas ou transferirem os alunos para outras salas.
Além disso, a fiação elétrica era muito antiga e apresentava riscos. Na primeira reforma foram investidos mais de R$ 100 mil. A diretoria da escola ainda projeta a construção da quadra de vôlei de areia e a cobertura da quadra de esportes. "Vamos atrás de recursos", garante Enéas.  

Exemplos se multiplicam

Carolina e Rodrigo são apenas dois, dos muitos exemplos de como a escola Marina Vieira Leal faz parte da vida da comunidade do Barracão e localidades adjacentes. A instituição tem 312 alunos, todos moradores do bairro. Pais, alunos, professores e funcionários se envolvem na organização dos eventos. "A participação é sempre muito grande, todos ajudam", observa a assistente técnica pedagógica da escola, Analice Klaumann.

Estrutura
A Marina Vieira Leal tem oito salas de aula e biblioteca compartilhada com o ensino de informática. Nas quartas-feira, um grupo de alunos deixa os livros de lado e pega nos instrumentos para os ensaios da fanfarra, outra tradição da escola.

Teatro é referência

Não apenas as datas festivas aproximam a escola da comunidade do Barracão. A Marina Vieira Leal é referência para a comunidade em outras atividades, como o Projeto Teatro Participativo implantado em 2008, pela Associação dos Moradores do Loteamento Vila Isabel em parceria com o grêmio estudantil da escola. O objetivo principal é ser um espelho para a escola e os estudantes, que unidos podem melhorar organizar o seu ambiente de ensino. O projeto não pretende formar atores, mas mostrar que todos podem ensinar e aprender juntos. A primeira peça, encenada no ano passado, reuniu 14 estudantes no elenco, selecionados a partir de uma lista de 38 candidatos.


"Sempre que posso participo como voluntário dos eventos da escola. Nesta ano, só estou ajudando na decoração".
Rodrigo Schmitt, 14 anos
Estudante da 8ª série

"Gosto muito de ajudar nas festas da escola. Moro aqui perto e estudo na Marina Vieira Leal desde a pré-escola".
Fernanda Andrade da Silva, 14 anos
Estudante da 8ª série

"Tô aqui desde as 7h30 da manhã, fazendo balões, correntes e bandeirinhas para a festa. Gosto de estudar na escola".
Carolina Alves de Almeida, 14 anos
Estudante da 8ª série