No entanto, critica a demora pela implantação da superintendência
A criação de uma superintendência para a região do Belchior é um desejo antigo da comunidade. No entanto, a demora pela sua implantação leva uma parte da população a descrença no sucesso da nova estrutura. O verador Joceli Campos Lucinda (DEM), único representante do bairro no legislativo municipal, adota uma posição de cautela quanto a ação do governo: "A superintendência ainda não foi instalada. A lei que autoriza a criação existe há mais de um ano, mas só agora que nomearam um superintendente. Nomearam, mas ainda não definiram onde vai ficar a estrutura, qual o maquinário disponível, nada. Eu só acredito vendo, quando tiver funcionando", critica Joceli. As críticas do vereador não se limitam ao prefeito Celso Zuchi (PT). Ele admite que a região se sente abandonada há muito tempo. "O problema não é de hoje, mas se agravou após a tragédia de 2008. A maioria das obras de reconstrução foram feitas pelos governos estadual e federal. O município investiu muito pouco por aqui. Agora, que as eleições municipais se aproximam, as máquinas apareceram nas ruas e a tal superintendência está sendo instalada, tudo começa a acontecer", dispara o vereador. Apesar das críticas ao governo, Joceli defende a indicação de Rui Carlos Deschamps para a superintendência. Segundo ele, o servidor do Samae é o nome mais adequado para assumir a função, já que possui experiência no setor público (mais de 30 anos) e na região, onde residiu por mais de 40 anos. "O Belchior não possui um nome melhor. Se a Prefeitura der liberdade para ele trabalhar, com certeza um bom serviço será feito", acredita Joceli.
Zuchi cumpre promessa
Até o dia 31 de março, a Superintendência do Belchior estará instalada na região. A palavra é do prefeito Celso Zuchi (PT), que nomeou Rui Carlos Deschamps como superintendente no final de janeiro. Segundo ele, a criação da estrutura foi uma promessa da campanha de 2008. "Nós estivemos nos bairros e sabíamos que a região só iria melhorar se tivesse uma equipe trabalhando lá o tempo todo", comenta. Zuchi explica que a Prefeitura quer dar maior agilidade nos quatro bairros de abrangência, com pessoal e equipamentos à disposição da comunidade. A intenção é evitar que caminhões precisem atravessar a Ponte Hercílio Deeke e trafegar pela BR-470 para prestar o serviço de atendimento na região. Além dos três bairros do Belchior, o Arraial também será atendido pela nova superintendência. Quanto às críticas do vereador Joceli, Zuchi encara como uma ação meramente política de quem está do outro lado do balcão e responde com ironia. "O Joceli criticava antes, critica agora e vai continuar criticando depois que a estrutura da superintendência for instalada. Eles (oposição) sempre fazem isso, só sabem reclamar", contra-ataca o prefeito.
Ideia separatista não foi abandonada
O morador do bairro Belchior quando precisa de algum serviço que não possui na região, procura o Centro de Blumenau para ser atendido. Para a população, é mais fácil e rápido se deslocar à cidade vizinha do que ir ao Centro de Gaspar. Lá peolo bairro, as pessoas costumam dizer: "estou indo a Gaspar", quando se referem a uma ida ao Centro da cidade. Essa distância e a pouca identificação com outras regiões de
Gaspar fazem muitos moradores do Belchior defender a anexação do Belchior a Blumenau e até uma emancipação política, no caso dos mais radicais.
O morador Valdir Prety, que reside há mais de 10 anos no Belchior Alto, conta que poucas vezes se dirige ao Centro de Gaspar para realizar algum serviço. Ao procurar por hospitais, postos de saúde, correios e até escolas é sempre dado preferência a Blumenau. Apesar de contente e esperançoso com a criação da superintendência, Petry confessa que preferia a mudança de município. “Acredito que se pertencessemos a Blumenau, as coisas seriam resolvidas com mais rapidez”, opina o morador. o vereador Joceli Campos (DEM) compreende o desejo da comunidade em não pertencer a Gaspar. Para ele, a ideia de o Belchior se tornar um município é viável e deveria ser mais discutida na comunidade. “Nós temos grandes empresas na região e uma boa movimentação turística. Teríamos capacidade de ser uma cidade independente. Hoje, quem banca a maioria dos recursos das obras é o governo do estado”, declara o vereador.
Para o superintendente Rui Carlos Deschamps, a nova estrutura do Executivo no bairro deve amenizar o desejo de mudança e acalmar os ânimos. Ele acredita que a população quer mesmo a execução dos serviços urbanos básicos, independente do bairro pertencer a Blumenau ou Gaspar. “Os moradores não vão querer mudar de
cidade se receberem um bom atendimento do poder público” , argumenta
o superintendente.
Na década de 1990, um movimento separatista chegou a ser proposto pelo então vereador Amadeu Mitterstein que elaborou um anteprojeto para a criação de um distrito,
porém o vereador acabou desistindo depois de encontrar uma certa resistência da própria comunidade.
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