Pai, filho e avô tocam a mais antiga serralheria de Gaspar

Pai, filho e avô tocam a mais antiga serralheria de Gaspar

O gasparense Siegfried Wehmuth é irrequieto. Trabalhou  desde muito jovem e aos 81 anos não quer saber de parar. Dos 18 aos 35 anos, Siegfried foi empregado da Círculo S.A. De lá saiu, em 1964, para instalar a primeira serralheria de Gaspar. “Trabalhava sozinho com uma serrinha e uma lima”, conta.
No acanhado espaço, na garagem de casa, na Rua Itajaí, o talentoso serralheiro produzia janelas de ferro para uma empresa de Gaspar. O pequeno negócio se chamava Fábrica de Esquadrias e Móveis de Ferro, que mais tarde mudou para Serralheria Wehmuth. E não foi só o nome que mudou, o negócio prosperou nas décadas seguintes. Siegfried substituiu e a serrinha e a lima por máquinas como a prensa, a solda elétrica e a furadeira industrial que facilitam o processo de produção de esquadrias de alumínio e de ferro. Construiu também um galpão de 400 metros quadrados.
O filho Carlos Alberto Wehmuth, 51 anos, passou boa parte da vida no galpão da empresa, afinal, a residência da família sempre foi ao lado da serralheria. Em 1983, Carlos Alberto assumiu o negócio e hoje o administra com projetos de expansão para outros segmentos. Um deles é o mercado de locação de andaimes. “Faz dois meses que montamos os primeiros andaimes e começamos a locá-los; já deu para perceber que é um mercado promissor”, avalia o empresário que há dois meses passou a ter a companhia do filho Alexandre nos negócios.
Além de pai, filho e avô, a Serralharia Wehmuth tem outros dois empregados. Carlos Alberto também pretende entrar firme na locação de equipamentos para a construção civil, como betoneiras e guinchos. “A meta é diversificar cada vez mais os negócios”, argumenta o empresário.
Os clientes, segundo ele, estão em toda a região do Vale e litoral, sendo a maioria indústrias. Carlos Alberto explica que os clientes estão cada vez mais exigentes e valorizam o fornecedor que produz com qualidade e, principalmente, cumpre o prazo de entrega.

Alumínio
O ferro é ainda a matéria-prima mais solicitada pelos clientes, embora no litoral em função da corrosão o alumínio venha ganhando espaço. Para garantir mais durabilidade e beleza às peças de ferro, a Serralheria Wehmuth aplica a pintura eletrostática. Carlos Alberto diz que a demanda maior é por corrimões de escada e guarda-corpos para sacadas.

Horta caseira
Carlos Alberto garante que o pai cumpre religiosamente o expediente de 8 horas na empresa, mas de vez em quando troca a serra pela enxada. Ele e a esposa Elza, com quem é casado há 58 anos, mesmo período em que vive no número 609 da Rua Itajaí, cultivam uma horta caseira nos fundos de casa, bem próximo da margem do rio. O casal cuida da horta como se fosse o seu 13º filho.
Aliás, Siegfried e Elza estão se refazendo do susto da enchente de novembro do ano passado quando a água chegou até a varanda da casa. A horta foi toda perdida, mas eles replantaram tudo e mostram, com orgulho, a colheita farta de  nabo, alface, repolho entre outras hortaliças. Torcedor do Vasco da Gama, Siegfried não se separa de um boné com o escudo do clube carioca e até brinca: “na fila do banco para idosos, eles só permitem que eu permaneça se tirar o boné, mas eu não tiro de jeito nenhum”, diverte-se o simpático senhor.


Siegfried Wehmuth instalou a primeira serralheria de Gaspar. Abriu a empresa com uma serrinha e uma lima, hoje, aos 82 anos, ainda trabalha 8 horas por dias com o mesmo vigor.