Os pioneiros no Alto Gasparinho

Família Dagnoni foi a primeira a ocupar o Gasparinho. O patriarca Ferandino empresta o nome à escola

Por

Família Dagnoni foi a primeira a ocupar o Gasparinho. O patriarca Ferandino empresta o nome à escola

Nomes de pessoas são eternizados em monumentos, praças, escolas e ruas. É uma maneira de reconhecer a importância do indivíduo e do seu trabalho na sociedade. No Gasparinho Quadro, um de seus primeiros moradores teve esse privilégio, e empresta seu nome à escola do bairro: Ferandino Dagnoni. A casa onde ele viveu existe até hoje, no terreno ao lado do educandário, e é habitada por um de seus filhos, Luís Dagnoni.

Quando chegou, vindo de Ascurra, Ferandino encontrou uma mata fechada. Construiu sua casa e abriu espaço para a primeira lavoura. Logo vieram os irmãos, que se estabeleceram pelas terras no entorno. Em 1936, já com filhos nascidos, decidiu reformar sua residência e a fez do jeito que se encontra até hoje: paredes largas, teto alto, um sótão para dormirem os filhos homens e quartos no térreo para as mulheres. Segundo Luís, o pai montou uma olaria só para fabricar os tijolos de sua nova moradia.

Para ir ao centro da cidade, a família se deslocava a pé por uma trilha. Ferandino colocava na carroça sacos do arroz que vendia na cidade, sempre acompanhado do filho Luís. Com o passar dos anos, o descendente de italianos foi abrindo a picada até transformá-la em uma estrada. "Antigamente íamos toda a semana para o centro, para assistir à missa", lembra Luís. Depois, os irmãos foram para Itajaí e Ferandino foi o único que permaneceu no Gasparinho. Nos terrenos que pertenceram aos tios hoje vivem os descendentes de Luís.

Ao ficar mais velho, o patriarca começou a manifestar problemas de saúde. "Chegava a levantar 3 a 4 vezes por noite, para cuidar dele", lembra Luís. Em 1955, Ferandino faleceu. Luis acabou herdando o casarão, que passou a viver com a família.

A casa continua praticamente a mesma. A única modificação feita por Luís foi a construção de uma varanda nos fundos, onde se pode sentar e conversar com os amigos em dias mais quentes. Dos oito filhos de Luís, apenas dois não moram mais no bairro. Em parte dos terrenos que pertenceram à família, existe uma escola, um posto de saúde, uma igreja e um clube.

Italiano

No início, Luís conta que a região do Gasparinho era povoada apenas pela família Dagnoni. O idioma oficial era o italiano e a convivência era bastante harmoniosa. Como o passar do anos, outros moradores foram ocupando as terras e a grande família Dagnoni se dispersou para outros bairros de Gaspar e cidades da região.

Desde cedo, Luís aprendeu a trabalhar na roça, com o pai. Plantavam arroz, milho, batata e feijão ? atividade que realiza até hoje. "Eu não paro de trabalhar, e é isso que me mantém de pé e com saúde", afirma o agricultor. A produção atual é apenas para o seu sustento e da esposa, Leondina. As conservas de legumes e de frutas para sobremesas, por exemplo, são preparadas pelos dois e fazem muito sucesso na comunidade.

Como atualmente a casa é ocupada apenas pelo casal, Luís planeja uma reforma para diminuir o espaço. O sótão, por exemplo, já foi fechado. Mesmo assim, a casa está sempre com muitas visitas. Os filhos, que moram perto, não deixam de dar uma passada para verem os pais. Um dos netos chegou até a morar na casa. E em uma das paredes da sala de estar, figura um quadro pintado por uma nora de Luís, que retrata o pioneirismo da família Dagnoni.