Produtor investe no plantio de palmeira real no Bela Vista
Produtor investe no plantio de palmeira real no Bela Vista
Com a proibição da extração do palmito Jussara, o cultivo de palmeira real se tornou lucrativo, tantos para os agricultores que já trabalham com este tipo de atividade, quanto para aqueles que procuram um novo filão de mercado. Este é o caso de Rui José Schramm. Há oito anos ele iniciou sua plantação de palmeira real, que hoje cobre 40 hectares da sua propriedade no bairro Figueira.
Filho de agricultores, Rui tentou, por um tempo, exercer uma atividade longe do campo. Estudou e trabalhou em grandes empresas da região. Até que percebeu que plantar palmeira real era um bom negócio. Rui dependerou o paletó e a gravata no armário e voltou para o campo. No início não foi fácil, porque o mercado é muito disputado. "Para poder viver da palmeira, é preciso plantar, no mínimo, uns 20 ou 30 hectares".
O investimento inicial, segundo Rui, é de R$ 10 mil por hectare. "A muda da palmeira é cara, custa em torno de R$ 160,00 o milheiro", explica o agricultor. Uma vez plantada, a palmeira exige cuidados o ano todo, pois existe o perigo de pragas, que podem pôr em risco a plantação. Rui aconselha a não fazer o plantio no inverno. Como é um período muito frio e úmido, no caso de uma geada, as mudas podem morrer. Em média, leva-se três anos para o primeiro corte. A forma mais indicada de se plantar palmeira, de acordo com o produtor, é manter uma distância de 1,40m entre cada fileira e 30cm entre as mudas. Também o mais apropriado é plantar uma muda por cova. "Quanto mais longe for cada cova, mais largo será o palmito". Todo esse conhecimento veio com a experiência.
Rui tem um sistema de corte que facilita a proteção das palmeiras até crescerem novamente. "Corto primeiro as que estão no meio, assim, as palmeiras que restaram ao redor, protegem as novas mudas", ensina. O corte é feito conforme a palmeira cresce. Rui corta todo o mês, porque tem plantações de épocas diferentes. "Normalmente, as empresas escolhem as palmeiras maiores para cortar primeiro", afirma. As finas que sobram, ele aduba para que fiquem melhores. Manejo que, para ele, na maioria das vezes funciona.
O produtor não aconselha o corte em períodos muito secos, pois o palmito fica seco e duro. Rui vende suas palmeiras em Gaspar, Ilhota e Navegantes. As próprias empresas fazem o corte, ele apenas cuida do cultivo e da manutenção da plantação, com a ajuda de um funcionário. Segundo o agricultor, as empresas aproveitam 20% da palmeira para extrair o palmito inteiro, que é o mais valorizado. A maior parte, 65% é usado para fazer o palmito picado e os outros 15% são vendidos em rodelas. Para Rui, o sabor e a maciez da palmeira real se equiparam ao do palmito Jussara. "Tem gente que reclama que a palmeira real é dura. Mas não é, isso acontece porque as indústrias querem aproveitar demais a matéria-prima e acabam misturando partes duras", justifica. Outro ponto positivo da palmeira real é que é uma planta resistente. Com a enchente do ano passado, a plantação de Rui ficou quatro dias alagada, e não morreu. "É um plantio seguro. Por isso a palmeira real é uma boa fonte de renda", assegura o produtor.
Associação defende os interesses dos produtores
Para fortalecer a classe, os produtores catarinenses, entre eles o próprio Rui, criaram a Associação Brasileira dos Produtores de Palmito de Palmeira Real (Abrapalmer). O objetivo da entidade é defender os direitos dos produtores, bem como criar meios de facilitar o cultivo e aumentar o consumo do produto. Para isso, a associação realiza encontros anuais, os quais são prestigiados por produtores de todo o País.
Toda a cadeia produtiva do palmito faz parte da Associação, só não participa a parte de vendas. Mesmo assim, a entidade está negociando com supermercados para melhorar o preço do produto e aumentar a sua saída. Assim, aumenta o retorno para as indústrias e a produção não enfrenta tantos problemas de demanda.
Outra causa na qual a Associação está empenhada é o combate ao palmito extraído ilegalmente. "Os melhores restaurantes de São Paulo, por exemplo, usam palmito ilegal, porque é mais barato", explica Rui. Segundo ele, a ilegalidade gera uma concorrência desleal, pois, como os produtores legalizados têm de pagar impostos, seu produto acaba ficando mais caro.
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