Gaspar reverencia seu santo padroeiro

Católicos se reúnem para homenagear São Pedro Apóstolo

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Católicos se reúnem para homenagear São Pedro Apóstolo

No mês de junho, as atenções da comunidade católica de Gaspar estão todas dirigidas ao morro da igreja matriz. É lá que está assentado o templo do padroeiro da cidade, São Pedro Apóstolo, que desde o dia 7 vem recebendo homenagens em diversos encontros religiosos no município. Os eventos reafirmam a fé do povo católico e, ao mesmo tempo, reconciliam com a Igreja aqueles que por algum motivo se afastaram dela.    
De terça-feira (23) pra cá, as homenagens ao padroeiro dos gasparenses se acentuaram com o início da popular Festa de São Pedro, no pátio do Salão Cristo Rei. A confraternização atinge seu ponto alto no domingo (28) quando a imagem do padroeiro será trazida até a igreja matriz na tradicional procissão de embarcações no rio Itajaí-Açu. Em seguida, uma missa solene será celebrada na presença de milhares de pessoas.
A mais antiga festa religiosa de Gaspar, realizada desde o final do século XIX quando o primeiro templo foi erguido no alto do morro, reúne freis e irmãs das fraternidades da Ordem Franciscana Secular de toda a região do Vale e milhares de fiéis. Frei Geraldo Antônio Freiberger, pároco da OFM (Ordem Franciscana Menor) da igreja matriz, lembra que a festa deste ano revitaliza o ânimo dos gasparenses abalado depois da tragédia de novembro do ano passado. É também o momento das famílias agradecerem pela proteção do padroeiro. Por isso, os festejos deste ano têm um simbolismo especial para os gasparenses.
A confraternização, observa o religioso, “serve também para integrar os novos habitantes de Gaspar à comunidade”. Frei Geraldo está bastante otimista com a festa, pois nas demais capelas do município onde já ocorreram celebrações dos padroeiros e padroeiras dos católicos a participação da comunidade tem sido muito maior em relação aos outros anos. “A tendência é que a Festa de São Pedro seja também um sucesso”. O pároco aproveita para destacar e agradecer o trabalho dos festeiros e voluntários que dedicam várias horas do seu tempo para o sucesso da maior festa do povo católico de Gaspar.

Mais de 450 voluntários na organização
Cinquenta e um casais festeiros e outros 350 voluntários estão envolvidos na organização e atendimento ao público durante a Festa de São Pedro.
Quinze barracas oferecem desde uma gastronomia típica, como o famoso “bolo de São Pedro”, pastel, cachorro-quente, cucas, doces, até souvenires para quem pretende levar uma lembrança da festa. O coordenador do CAEP – Conselho Administrativo e Econômico da Paróquia, responsável pela organização dos festejos, Carlos Junkes, diz que a maior presença de público deve acontecer neste final de semana (28 e 29/06). “Estamos confiantes que esta será uma das mais concorridas Festas de São Pedro dos últimos anos”.
Este é o segundo ano que não se realiza a tradicional rifa de São Pedro cujo objetivo era arrecadar dinheiro para promover a festa. Os festeiros ao invés de venderem os blocos da rifa, visitaram indústrias, comércios e famílias para angariar doações. Para Junkes, esta é uma maneira mais simpática de obter a contribuição dos gasparenses. Os festeiros receberam da Bunge Alimentos a doação de toda a margarina, maionese, gordura vegetal e uma parte do óleo vegetal que será utilizado no preparo da comida.
Junkes aproveita para convidar a comunidade a prestigiar a programação religiosa deste final de semana. No sábado (27), a partir das 19 horas, na igreja matriz, será realizada a procissão e benção das bíblias. O evento terá a presença do bispo da Diocese de Blumenau, Dom José Negri. Já no domingo, acontece a procissão com a imagem de São Pedro Apóstolo no rio Itajaí-Açu. A saída está marcada para as 7 horas da comunidade Santa Clara, no Poço Grande. “As procissões são importantes porque resgatam um antigo hábito do povo de Gaspar”, observa Junkes. Ele reforça que qualquer tipo de embarcação pode participar da procissão náutica, basta que seus ocupantes estejam vestindo coletes salva-vidas.

Voluntária prepara a “Sopa de São Pedro”
Lídia Mônica Nagel, 67 anos, é uma das mais antigas voluntárias da Festa de São Pedro. Ela só não faz parte do grupo de casais festeiros porque, por opção, é solteira. Lá se vão mais de 40 anos envolvida na organização do evento. Nascida e criada no Poço Grande, Lídia trabalhou e morou por 23 anos na Casa Paroquial; mesmo depois de aposentada e residindo em Blumenau não se afasta da paróquia. Uma semana antes do início dos festejos, ela faz as malas e se muda para a Casa Paroquial; de lá só sai uma semana depois de encerrada a festa. As reuniões preparatórias, segundo ela, acontecem a cada três meses, e  próximo da festa passam a ser semanais.      
Lídia é incansável no seu trabalho voluntário que recomeça um dia depois de terminados os festejos. “Trabalhamos o ano todo por esta festa”, afirma Lídia. Ela bate de porta em porta das indústrias e comércios de alimentos para pedir doações. Já durante a festa, veste touca e avental e vai para o time de frente da cozinha. As receitas do rodízio de sopas, servido na última quinta-feira (25), são todas dela, inclusive a novidade deste ano, a “Sopa de São Pedro”. Lídia destaca ainda o “pastel de São Pedro”, que ela ensina o preparo aos mais jovens, e o cachorro-quente como os quitutes mais consumidos durante a festa. Já no domingo, o destaque é o churrasco e o bufê. A receita para o sucesso da festa, ela diz que é simples: “cada barraca e cozinha têm o seu coordenador que, por sua vez, tem uma equipe bem preparada”. As equipes de voluntários se revezam nas barracas. Lídia diz que o fato do CAEP investir na compra de máquinas industriais para a cozinha ajuda bastante a agilizar o preparo dos quitutes. A maior recompensa do trabalho, afirma a voluntário, “é a amizade, o amor e o carinho que recebemos da comunidade”.

“Trabalhamos o ano todo por esta festa.” Lídia Mônica Nagel

Programação

27/06 (Sábado)
 19h: Encerramento do ano Paulino e Procissão e Benção às Bíblias. Presenças das comunidades Santa Terezinha, Bom Jesus, Santa Clara, Santa Rita, São João Batista e Centro.

28/06 (domingo)
 7h: Procissão com São Pedro Apóstolo no rio Itajaí-Açu.
 9h: chegada da imagem de São Pedro (atrás do Posto Julinho).
 9h30: missa solene com os festeiros e todos os fiéis.
 19h: missa.

Pedro: “O pescador de homens”

São Pedro foi o principal discípulo de Jesus. Seu nome verdadeiro era Simão e, segundo a história, foi o primeiro bispo de Roma. Simão era pescador, e deixou tudo para seguir Jesus que o rebatizou de Pedro, “o pescador de homens”. Quando Jesus foi preso, apenas Pedro, em companhia de João, o seguiu. Reconhecido, porém, como um dos discípulos, negou que conhecesse Jesus. Pedro repetiu tal atitude outras duas vezes, mas nem a tríplice negação diminuiu seu amor por Jesus e vice-versa. Depois da crucificação de Jesus, Pedro se estabeleceu em Roma, fundou a primitiva Igreja Cristã, e liderou o movimento de evangelização na Igreja. Em 64 foi preso e condenado à crucificação. Seu túmulo encontra-se na Basílica de São Pedro, em Roma. As festas de São Pedro e São Paulo acontecem no dia 29 de junho para substituir uma antiga celebração pagã, que comemorava nesse dia a festa dos mitos Rômulo e Remo, os fundadores de Roma.