Moradores do Santa Terezinha se organizam com a PM

Moradores do Santa Terezinha se  organizam com a PM

A segurança pública sempre foi a “pedra no sapato” das administrações. Em Gaspar não é diferente. Nas últimas duas décadas, o crescimento populacional e a expansão desordenada da cidade resultaram em áreas isoladas de extrema miséria, violência e tráfico de drogas. No bairro Santa Terezinha, os moradores passaram a conviver, mais freqüente, com pequenos furtos a residências e consumo de drogas a luz do dia. Preocupados com a situação, um grupo tomou a dianteira para implantar no bairro um projeto da Polícia Militar de Santa Catarina que vem dando certo em outras regiões de Gaspar. Desde junho, o bairro conta com o Conselho de Segurança Comunitária. No primeiro mês de funcionamento do Conseg, a polícia registrou uma queda de 23 para três no número furtos a residências na comparação com o mesmo período de 2008. 
Como o próprio nome define, o Conseg é um conceito moderno onde a comunidade é que determina como será feito o policiamento no bairro. “É uma associação de moradores com o objetivo de promover a segurança pública no bairro”, define o comandante da 3ª Companhia de Polícia Militar de Gaspar, major Moacir Gomes Ribeiro. Por isso, afirma ele, “o Conseg é um farol que orienta as ações de policiamento da PM em uma região específica da cidade, racionalizando tempo, custos e pessoal”. O comandante diz que a comunidade peca pela omissão, o que gera a oportunidade para o bandido agir. “A PM não tem estrutura para policiar todas as ruas da cidade, o que ela não conhece não pode reprimir”, observa o comandante. Com o Conseg, a comunidade participa identificando os problemas, priorizando ações e buscando soluções com o auxílio da polícia. O major Gomes não tem dúvidas de que a partir da implantação do Conseg, a presença da polícia é mais intensa e efetiva no bairro, inibindo a ação dos criminosos. “Percebndo a comunidade organizada, o criminoso não se sentirá tão à vontade para agir”, acrescenta Gomes. O comandante que a atuação do Conselho é bastante abrangente, apontando desde a falta de iluminação pública até o crescimento de mato em um terreno baldio, que são cenários que podem estimular a oportunidade do bandido praticar crimes. 

Passo a passo para criar o Conselho

Reunir a comunidade

Eleger a diretoria provisória

Elaborar o estatuto

Empossar a diretoria junto com a entrega da Carta Constitutivo

Iniciar os trabalhos em parceria com a instituição policial
Fonte: Cartilha Conseg

“Percebendo a comunidade organizada, o criminoso não se sentirá tão à vontade para agir.”
Major Moacir Gomes
Comandante  da 3ª  Companhia da PM

“Lugar seguro não tem em nenhum bairro de Gaspar. Os policiais fazem a ronda no bairro, mas não dão conta. Precisa de mais policiamento”.
Lauro Bentonha, 65 anos
morador há 11 anos do Santa Terezinha

Urnas estão espalhadas no bairro
Antônio Moraes Laurindo nunca havia ouvido falar do Conseg até agosto do ano passado. Preocupado com a criminalidade no Santa Terezinha, ele procurou outros moradores do bairro e a própria PM para tentar uma solução. Foi aí que descobriu o Conseg. Na primeira reunião compareceram 80 moradores. Vencidos os trâmites burocráticos, a posse da diretoria provisória foi oficializada em junho deste ano. Laurindo assumiu a presidência, mas não está sozinho. Outros 18 moradores integram o Conseg do Santa Terezinha. “Escolhemos para participar da diretoria aquelas pessoas com mais disposição e tempo para o trabalho”, explica o presidente.
Morador há 18 anos do bairro, ele diz que a violência cresceu nos últimos anos em função do consumo de drogas. Pai de dois filhos, de 10 e 12 anos, Laurindo já pensou em se mudar do bairro. “Parece que as pessoas perderam o respeito pela segurança pública”, afirma. No entanto, acabou optando por ficar porque seus filhos gostam muito do Santa Terezinha e de Gaspar.
Laurindo quer a participação de toda a comunidade. Por isso, urnas do Conseg foram espalhadas em quatro locais de bastante fluxo de pessoas no bairro – Posto de Saúde, Viacredi, Supermercado Zoni e Supermercado Bom Preço. O Conselho está em negociação para abrir mais dois pontos. As urnas estão disponíveis para os moradores contribuírem com soluções para a segurança pública no bairro. Não é necessário se identificar.  “Só assim vamos conseguir melhorar a qualidade de vida no bairro”, acredita Laurindo. Por enquanto, o Conselho não tem sede própria.