Cachaça no DNA

Pipe produz uma das melhores cachaças no Belchior Alto

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Pipe produz uma das melhores cachaças no Belchior Alto

A mais genuína bebida brasileira está saindo dos botecos para sofisticados bares e restaurantes do Brasil e do exterior. O status de bebida autêntica brasileira ganhou repercussão internacional depois que o governo brasileiro registrou a marca cachaça. Em escala industrial, a bebida chega a vários Países, mas é na forma artesanal que se mostra presente na mesa do consumidor mais exigente.

Ivon Schmitz, o Pipe, herdou do avô, Sebastião Schmitz, o DNA para destilar cachaça artesanal. Quem tem mais de 40 anos e vive no Vale do Itajaí lembra das marcas Sultão, Sol Nascente e Campeão Mundial que eram comercializadas até o início dos anos 70. A cachaça paulista industrial, com preços mais competitivos, invadiu o mercado catarinense e obrigou muitos cachaceiros artesanais a suspender a produção.

Em 2006, Pipe retomou a atividade interrompida pelo avô e passou a fabricar a cachaça Dupipe. E não é qualquer cachaça. Tanto é verdade que o alambique se transformou em um dos principais atrativos turísticos do Belchior Alto desde junho deste ano quando abriu suas portas para a degustação e comércio de cachaça. Pipe recebe clientes de vários lugares do Brasil e até do exterior em um ambiente limpo, organizado e de muito bom gosto. A construção e a decoração lembram os antigos alambiques, assim como o cheiro característico da bebida está presente em todas as peças.

Com autoridade de quem há mais de 15 anos estuda a mais autêntica bebida brasileira, o produtor explica aos visitantes as etapas do processo de fabricação. "A cachaça artesanal é a melhor bebida destilada do mundo porque é a única feita a partir de um suco natural", vai logo dizendo Pipe. De fato, a cachaça do suco da cana tem cheiro e sabor de cana. E não há nenhuma redundância quando se diz isto, afinal de contas algumas cachaças são feitas de açúcar e álcool, o que diferencia em muito o grau de qualidade e pureza da bebida. A graduação do teor alcoólico ou o grau Cartier, como é conhecido o sistema de medição da dosagem, é um indicativo de pureza.

"A minha cachaça atinge 20º Cartier ou 48gl a 50gl, enquanto a média é de 38gl. É um pouco mais forte, mas asseguro a alta qualidade do produto que comercializo", observa o produtor. Além do processo de fabricação, a matéria-prima é fundamental. Por isso, Pipe utiliza as canas mais doces das montanhas do Belchior Alto. O produto vem da propriedade do fabricante e de agricultores selecionados da região. Após a extração da suco, limpeza e padronização, o caldo da cana passa por um processo de fermentação natural. "A minha cachaça não é melhor do que a de ninguém, mas toda a cachaça feita dentro dos padrão é de alta qualidade", assinala Pipe.

Segredo está na temperatura da água

A destilação do vinho obtido do processo de fermentação do suco ocorre em um alambique de cobre de mais de 100 anos. O destilado, explica Pipe, divide-se em três partes: a cabeça, o coração e a cauda. "Para fabricar a cachaça Dupipe, utilizo apenas a fração intermediária, o coração, desprezando as demais, que contém impurezas, algumas tóxicas", explica Pipe. O segredo, no entanto, está no fogo e na regulagem da temperatura da água.

Concluída a fase de destilação, a cachaça é guardada em barris de carvalho importado, ariribá, turmão e em grandes vasilhames de vidro. A cachaça, segundo o produtor, quando acondicionada em barril de carvalho adquire cheiro e o sabor da madeira. Por isso, explica ele, é desaconselhável guardar cachaça em um barril que já tenha sido utilizado para armazenar vinho. No alambique de Pipe existe um barril de carvalho de 1872, e outros do início do século passado. Além do barril, a cachaça é armazenada em vidro ou no inox. Neste caso, os sabores naturais da cachaça são preservados. Curioso também são as embalagens de vidro, com formato exclusivo para a cachaça Dupipe.

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