Mãe revive drama da enchente
A zeladora da Unidade de Saúde do Arraial, Sandra de Andrade e o filho de três meses foram resgatados quatro dias depois
A zeladora da Unidade de Saúde do Arraial, Sandra de Andrade e o filho de três meses foram resgatados quatro dias depois
Assim como dezenas de outras famílias, a moradora e zeladora da unidade de saúde do Arraial d?Ouro, Sandra de Andrade, passou por momentos de medo e terror no final do mês de novembro, quando Gaspar foi atingida pela enchente e enxurrada. Em casa com Sandra estavam o marido José Andrade e o pequeno Kauã, hoje com três meses de vida. Um dos momentos de maior tensão da família foi no domingo, dia 22 de novembro, quando no início da noite a explosão do gasoduto Bolívia-Brasil iluminou o céu de Gaspar. Sandra e o bebê tiveram de esperar até quarta-feira para a chegada do resgate. O marido escolheu ficar para cuidar da casa, mas na sexta-feira resolveu sair para se juntar à sua família.
Na memória de Sandra ainda estão vivos todos os detalhes da tragédia.Ela e o pequeno Kauã, na época com apenas um mês de vida, foram resgatados por um grupo de salvamento do Corpo de Bombeiros. O resgate foi feito por terra e Sandra teve de caminhar diversos quilômetros com o pequeno no colo. "Quando o terreno era mais perigoso ou oferecia muita dificuldade para caminhar uma bombeira pegava o meu filho em seus braços e eu seguia sozinha", conta Sandra. Ela e o filho voltaram para casa somente no dia 21 de dezembro, um pouco assustados mas com saúde.
Hoje, uma simples chuva causa apreensão na família. "Cada vez que o céu fica escuro é como se tudo fosse acontecer de novo", admite Sandra. Ela se preocupa com as rachaduras nos fundos da construção onde ela vive e onde funciona a unidade de saúde. Mesmo sem saber quando os atendimentos médicos vão voltar ao normal, ela já preparou o consultório. "Está tudo limpo e pronto para quando o médico chegar", avisa.
Unidade de Saúde funciona em prédio reformado de antiga escola municipal
Em uma das localidades mais remotas de Gaspar está a Unidade Avançada de Saúde Arraial D?Ouro. Inaugurada em junho do ano passado, o posto é uma parceria da prefeitura com a associação de moradores do bairro. Uma antiga escola foi reformada para abrigar a sede da associação que cedeu um espaço para a unidade de saúde. Uma das antigas salas de aula foi transformada em consultório médico, outra é a residência de uma família que faz os trabalhos de manutenção e limpeza da sede. Em uma terceira sala funciona a sede da associação onde a comunidade se reúne para as reuniões.
Segundo a coordenação das equipes da Estratégia Saúde da Família, os agentes comunitários cadastraram 645 pessoas, distribuídas em 200 famílias. O coordenador das equipes do PSF Daniel Ghizoni explica que 95 famílias utilizam como referência a unidade do Arraial d?Ouro, fato que demonstra a importância da estrutura. A unidade está vinculada ao Posto de Saúde da Lagoa e de lá partem os atendimentos médicos domiciliares. Atualmente a unidade avançada está sem médico por dificuldades de acesso. Antes dos deslizamentos o médico comparecia à unidade uma vez por semana para atender aos pacientes. As duas agentes comunitárias de saúde que trabalham no bairro fazem o acompanhamento e solicitam atendimento médico sempre que necessário. Muitas famílias estão procurando o posto médico do Belchior e também do bairro Fortaleza, em Blumenau.
A unidade de saúde fica em uma zona bastante atingida pelos deslizamentos e permaneceu isolada por vários dias. Os agentes de saúde continuaram a trabalhar, algumas tiveram suas casas atingidas, mesmo assim auxiliaram a comunidade. "Estão todos de parabéns", reconhece o coordenador.
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