Alegres tardes de quarta

Grupo de idosos se reúne há 14 anos no Bom Jesus

João Pedro e Zenaide Lenfers nunca frequentaram os tradicionais Grupos da Melhor Idade de Gaspar. Nem por isso ficam em casa se queixando da vida ou das limitações que a idade lhes impõe. Na quarta-feira à tarde, o casal sai de sua casa, no Poço Grande, para um encontro com outros idosos no salão da Capela Bom Jesus, no bairro Santa Terezinha. O ritual se repete há 14 anos. “Quem não dança vem pra cá jogar bingo”, diz o bem humorado João Pedro, a única presença masculina no grupo. Assim, as tardes de quarta-feira são sempre alegres e divertidas.
O time já foi maior, conta Marlene Venturi Blank, uma das coordenadoras e a mais jovem integrante. “Chegamos a ter 55 sócios, alguns infelizmente morreram e outros optaram pelos grupos da melhor idade”. Hoje, eles são apenas nove inseparáveis amigos. “O nosso time é compacto, homogêneo e sincero”, define Osmarina Alves de Andrade, arrancando aplausos dos colegas. Ela se desloca do bairro Margem Esquerda para o encontro semanal no Bom Jesus. Antes, passa na casa da mãe, Olga, a mais idosa do grupo, e a traz junto para o divertimento. Para Osmarina, o convívio social é uma terapia de apoio. “Unimos o útil ao agradável”, complementa.
O grupo é pequeno, mas animação não falta. Enquanto Marlene Venturi “canta” os números do bingo, os assuntos são colocados em dia. Os comentários distraem a turma. A rodada termina e os prêmios são distribuídos: alimentos e material de higiene e limpeza que cada um traz de casa. “Aqui, se chega e se sai de sacola cheia”, avisa Marlene.
A sua mãe, Maria Venturi, a Lila, é frequentadora assídua das tardes de quarta-feira no Bom Jesus. “Isto aqui é uma vida de felicidades pra gente, conversamos muito e nos distraímos”, afirma. No meio da tarde, o grupo dá uma parada no jogo para um delicioso café da tarde, com pão caseiro, bolos e cucas trazidos de casa. Assim, as horas passam e rejuvenescem o espírito dos idosos.

Mensalidade banca viagens
O grupo Bom Jesus arrecada, mensalmente, a simbólica taxa R$ 10,00 de cada integrante. Recebe ainda uma ajuda de custo anual de R$ 200,00 da Prefeitura. O caixa é reforçado com rifas. O dinheiro paga dois ou três passeios culturais e religiosos a municípios vizinhos e até para outros estados. “Já fomos a Aparecida do Norte (SP)”, conta Marlene. No final do ano, um jantar marca o encerramento das atividades. Tereza Schmitt diz que é muito feliz na turma. “Um dia antes começo a ficar ansiosa pelo encontro”. Já a viúva Darci da Costa gosta muito da convivência, mas lamenta não ter dança. “Não faz mal, no final de semana vou ao Alvorada (clube  social de Gaspar) e desconto”, revela para surpresa dos colegas que desconheciam a preferência da colega pela dança.

“Isto aqui é uma terapia para nós. Osmarina de Andrade

“Pena que não tem dança. Não faz mal, no final de semana vou no Alvorada e desconto.” Darci da Costa

“Quem não dança, joga bingo”. João Pedro Lenfers