Irene é exemplo no Bela Vista
Irene é exemplo no Bela Vista
Ela é pequena no tamanho, mas o seu coração é enorme. Na comunidade do Bela Vista todos conhecem Irene Demmer pelo seu trabalho voluntário. De 1983 a 1997 fez o Natal das crianças carentes do bairro, nesse meio tempo fundou e presidiu o Grupo da Terceira Idade por 14 anos e a Associação de Moradores do Bela Vista por outros quatro. Já se meteu na política e tentou se eleger vereadora.
Além do trabalho comunitário, o negócio de Irene é ensinar tricô e crochê, o que faz muito bem há 53 anos. Viúva há dois anos não se entregou à saudade e solidão. Tratou de arrumar mais alguma coisa pra fazer na sua já agitada vida. Desde o início do ano, ela dá aulas de tricô e crochê para um grupo de mulheres da comunidade no Posto de Saúde do Bela Vista, que ela faz questão de dizer que ajudou a trazer para a rua Adriano Kormann no governo do ex-prefeito Bernardo Spengler.
É na pequena e alegre sala que Irene e suas alunas passam as tardes de terça-feira numa verdadeira terapia do bem viver. “Nunca tive depressão”, diz a simpática senhora. Na quarta-feira ela dá aulas para um outro grupo no centro da cidade. Irene é contratada da prefeitura de Gaspar, mas não é o dinheiro que mais a motiva. “Faço isto porque gosto, é um prazer ensinar”, resume a professora.
Ela conta que a inspiração para tricô e crochê não caiu do céu. “Estudei muito em livros e criei meus próprios pontos. Ensino tudo o que sei porque não adianta levar para o túmulo o conhecimento”, afirma Irene. A professora começou ensinando os empregados da Sulfabril. Depois, passou pela Círculo, Hering, Ceval (atual Bunge), escolas, lojas comerciais e até casas particulares. Pelas suas contas, deu aulas para mais de duas mil mulheres. Ela explica que ensinar artes manuais exige paciência porque cada pessoa tem um ritmo de aprendizado.
Ela nunca diz não para quem quer aprender, mesmo que a pessoa tenha mais dificuldade com as artes manuais. “Muitas dessas mulheres que estão aqui não tinham nada para fazer em casa. Hoje, estão aqui aprendendo algo novo. É um santo remédio contra a depressão”, argumenta. Algumas alunas estão com Irene há mais de cinco anos e até ganham algum dinheiro vendendo os produtos feitos no curso. Nas aulas desde março deste ano, Cláudia Marcelino de Souza já pensa até em montar um bazar em casa para comercializar os artigos. “É uma maneira de ganhar um dinheiro extra”, avalia.
Adelina Nicolodi não falta a nenhuma aula. “A Irene deixa a gente bem à vontade para criar as peças da nossa maneira”. A agente de saúde, Jurandir de Souza, é a responsável em dar o suporte durante as aulas, mas aproveita para também aprender as técnicas de tricô e crochê. “A intenção do curso é muito mais terapêutica, o tricô e crochê são apenas detalhes”, avalia Jurandir. A linha e a lã dos cursos são doadas pela gasparense Enovelar.
“Sempre tive curiosidade de aprender para ter o que fazer na velhice.” Sônia Regina Alves
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