A origem do primeiro nome da Rua Rodolfo Pamplona

A origem do primeiro nome da Rua Rodolfo Pamplona

 

 

Antes de receber a denominação de Rodolfo Vieira Pamplona (homenagem ao morador e pai do ex-prefeito Dorval Pamplona), a principal via de acesso ao Gaspar Mirim era conhecida como Rua do Matadouro. Os mais jovens não sabem a origem deste nome.

 

Na verdade, tudo começou há 40 anos quando uma grande faixa de terra do asfalto da Avenida Frei Godofredo até onde hoje está localizado o Centro de Tradições Gaúchas Coração do Vale (CTG) pertencia ao agricultor Venâncio Nicolau da Silva. Ele casou-se com Alvina Schramm, uma jovem viúva, e tornou-se pai de nove filhos.

 

Após a morte de Venâncio, um de seus enteados, Engelbert, adquiriu a parte dos irmãos e tornou-se proprietário de toda a área. Ele colocou alguns bois no pasto e construiu um matadouro para abastecer o seu açougue, na cidade. Com a ajuda de um de seus filhos, Curt Schramm (foto acima), Engelbert tocou o negócio durante um bom tempo.

 

"Comprávamos tropas de Lages, praticamente todo mês. De Indaial até as terras do pai, no Gaspar Mirim, Curt tocava a boiada a cavalo em uma viagem de três dias. Ele era também responsável pelo abate dos animais. Como não haviam frigoríficos na região, a venda da carne se dava em um único dia. Em uma semana, Curt abatia oito animais. O dia de maior movimento era sábado.

O ex-pecuarista lembra que as ruas eram todas de terra e havia poucos moradores no Gaspar Mirim. A Barão do Rio Branco, antes conhecida como Rua das Cuias (essa é uma outra história), era o principal acesso ao bairro e também a ligação mais rápida com Brusque. Para passar por ali, era preciso cruzar as porteiras das terras de Engelbert. Houve quem dissesse que lá existiam fantasmas e animais perigosos. "O povo dizia que tinha uma cobra gigante que se arrastava pelo mato para beber água na lagoa. Não tinha nada disso, era tudo invenção", garante Curt, 78 anos.

 

Depois de um longo período de trabalho, Engelbert vendeu o açougue e foi morar numa casa no Gaspar Mirim. Nos dois anos seguintes, manteve o matadouro, até que o desativou. Após sua morte, as terras foram divididas entre os oito filhos que acabaram vendendo a terceiros.

 

Saudades da tranquilidade do passado

 

Jovem, Curt já administrava o matadouro do pai. Toda a região era conhecida como Gaspar Mirim. Já havia eletricidade, mas as estradas eram precárias. Apesar de afastado e com poucos moradores, o bairro era bastante tranquilo. "Os bois ficavam no matadouro e ninguém mexia", conta Curt.

 

Hoje, a realidade é outra. O próprio Curt já foi vítima duas vezes de assalto e roubo, e ainda se arrepia só de relembrar os fatos. No primeiro assalto, o ladrão invadiu sua casa atrás de armas. Como não encontrou foi embora, porém, antes trancou Curt no banheiro. Os vizinhos vieram em socorro. Em outra situação, ele estava de férias na praia quando sua casa foi arrombada em Gaspar. Depois destas experiências, Curt admite, com pesar, "o Gaspar Mirim está muito violento e perigoso".