A rua das igrejas em Gaspar
A Antônio Zendron é sede de quatro templos
A Antônio Zendron é sede de quatro templos
A rua é a Antônio Zendron, mas podia ser a Rua das Igrejas, Caminho da Fé ou algo semelhante. Em seus quase mil metros de extensão, a Antônio Zendron chama atenção pelo número de templos que dividem o espaço e a preferência dos fiéis. São quatro igrejas de diferentes correntes evangélicas. A mais recente fica quase no entroncamento com a BR-470. A Igreja da Visão Missionária abriu suas portas no início deste ano. “Cada igreja que abre é uma porta a menos para o alcoolismo e as drogas”, diz a ministra da palavra da Visão Missionária, Clenir Aparecida dos Santos. O pequeno templo recebe, em média, 40 fiéis nos três cultos semanais ministrados pelo pastor da congregação, Antônio Itacir dos Santos. E se houvesse mais espaço, acredita Clenir, mais pessoas frequentariam a igreja.
Não fosse a enorme placa seria difícil identificar o número 439 da rua como um templo da Assembléia de Deus. As instalações são bastante modestas. “É melhor ter muitos igrejas na rua do que muitos bares”, afirma Adenilson de Andrade, vizinho ao templo e frequentador assíduo das atividades da igreja e dos cultos ministrados três vezes por semana pelo presbítero Pedro Guilherme Lenfers.
O pastor da Evangélica Pentecostal, Gerson de Amorim, louva a Deus o fato de haver tantas igrejas na rua. “É bom para divulgar mais a palavra de Deus”. Segundo ele, as igrejas seguem suas doutrinas, têm visões diferentes dos valores da sociedade, mas todas caminham na mesma direção, ou seja, pregam que a salvação está em Deus. Ele lembra que Jesus Cristo ensinou aos seus discípulos o princípio básico da convivência, por isso o que importa é pregar de maneira correta a palavra de Deus. É isto que Gerson faz nos três cultos semanais para uma platéia, em média, de 100 pessoas.
Próximo da Evangélica Pentecostal, o templo da Igreja Evangélica Cristo é a Esperança é o mais vistoso externamente. A paranaense Olinda Soares mora ao lado, mas não vai ao templo. Porém, ela também defende a ideia de que melhor é ter várias igrejas do que várias casas noturnas na rua. As pregações e louvores religiosos não a incomodam. “Eles terminam o culto às 22 horas, fecham a igreja e vão embora em silêncio”. A irmã de Olinda, Zenira de Oliveira, vai aos quatro templos. “O que muda é a placa, o Deus é o mesmo”, afirma a jovem. Ela admite, no entanto, que freqüenta mais a Visão Missionária, curiosamente a que fica mais longe da sua casa. Ela conta que muitas vezes termina o culto numa igreja e os fiéis vão para outra. Ela mesma fez isto várias vezes. Zenira só lamenta o fato da irmã não acompanhá-la. “Ela vai de vez em quando”, revela.
Calvinistas celebraram primeiro culto
O primeiro culto protestante no Brasil, e talvez nas Américas, foi celebrado no dia 10 de março de 1557 pelos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier. O fato aconteceu por ocasião da tentativa de colonização francesa na Baía da Guanabara (1555-1560). Em 1557, Nicolas Durand de Villegaignon trouxe da Europa um grupo de pessoas para reforçar a colônia, entre elas 12 calvinistas de Genebra.
Crescimento
Embora o Brasil seja – de longe – o maior país pentecostal do mundo, o fenômeno não é exclusividade nacional. Por ser o berço desta tradição religiosa, os Estados Unidos ainda concentram a segunda maior massa pentecostal do mundo: quase seis milhões, ou perto de 2% de sua população. Quando se trata de evangélicos de forma geral, os americanos nos superam em larga margem: 44 milhões contra 27,6 milhões.
Em 1970, o Censo do IBGE constatou uma população evangélica de 4,8 milhões. Em 1980 eram 7,9 milhões, enquanto em 1991 já eram 13,7 milhões. No último censo, em 2000, os evangélicos somavam 26,1 milhões. Em meados desta década, calcula-se que essa população seja de 27 milhões de pessoas. No próximo Censo, em 2011, o número pode chegar a 55 milhões. Em 2022, 50% da população brasileira poderá ser evangélica.