A mata restaurada
Donos de terras cedem áreas para o replantio
Donos de terras cedem áreas para o replantio
Ana Werner, 82 anos, moradora do Lagoa, sempre gostou de plantar e cuidar de árvores frutíferas. Quando suas forças já não mais permitiam, ela cedeu uma parte da sua propriedade para que outros plantassem. Ana é um dos doze donos de terras no bairro a aderir ao programa de reflorestamento da empresa Bunge, que vem contribuindo para recuperar a mata ciliar das margens da Bacia do Itajaí que a erosão se encarregou de levar embora.
Por desconhecimento e necessidade, os agricultores usavam a margem do rio como pastagem para o gado. O resultado é que a vegetação nativa desapareceu. Até os técnicos da FURB – Universidade Regional de Blumenau – baterem à sua porta, Ana não sabia exatamente o que fazer com aquela faixa de terra. Hoje, ela faz questão de posar para fotos ao lado das mudas de árvores que se espalham por 4.500 metros quadrados. Os biólogos fazem o plantio, manutenção e acompanham o desenvolvimento das plantas. A enchente de novembro do ano passado carregou uma parte do reflorestamento que já foi replantado, mas Ana continua otimista. “Assim que as mudas crescerem vou aproveitar sua sombra”. Ela ainda cria gado, mas leva os animais para pastarem em uma área do outro lado da estrada, longe da margem do rio.
Quase vizinhos de Ana, os irmãos Francisco Solano da Costa, o popular Chico, e Dauro Osmar da Costa, o Maizena, não esperaram pelo projeto da Bunge. Há 15 anos, decidiram reflorestar uma área de 1.500 metros quadrados na margem do rio. As árvores, com mais de 15 metros de altura, destoam do restante da paisagem. A presença de aves e até mamíferos revelam que o equilíbrio ecológico começa a voltar. “Daqui não sai nada, se a gente precisa de madeira para construir um galpão compra nas madeireiras”, garante Maizena. A família acabou aderindo ao programa da Bunge no ano passado, cedendo 6.500 metros quadrados para o plantio. “Daqui a seis anos vai ficar ainda mais bonita a margem do rio”, observa Maizena que acha que qualquer iniciativa para recuperar a natureza é válida.
Recuperação
Do final de 2005, quando as primeiras mudas de árvores nativas foram plantadas, até setembro de 2009, o Programa de Recuperação Ambiental da Bunge atingiu 261.638 metros quadrados. O bairro Lagoa abrange 27 mil metros quadrados ou o equivalente a quase três campos de futebol (veja tabela abaixo).
Em todo o Vale do Itajaí, 155 proprietários de terras já aderiram ao PRA. É bem verdade que muitos por força do novo Código Estadual do Meio Ambiente, aprovado este ano, e do Código Florestal Brasileiro. Ambos determinam que 20% das terras sejam utilizadas para fins de preservação ambiental.
O objetivo do programa é recuperar e conscientizar a população para a preservação do meio ambiente. Tanto é verdade que o PRA não atinge apenas agricultores. A escola Vitório Anacleto Cardoso, na localidade de Porto Arraial, aderiu. Os alunos plantaram 900 metros quadrados. O diretor, professor Waldemar Carvalho, diz que a instituição não poderia ficar de fora de uma iniciativa como esta. “É daqui que saem os cidadãos que vão trabalhar por um mundo melhor”, sintetiza.
O PRA no bairro Lagoa
Proprietário Área plantada em m2 Data de plantio
Henrique Steins 6.450 Out/2007
Ana Werner 4.500 Fev/2008
Paulo dos Santos 3.600 Maio/2008
Terezinha da Costa 3.400 Maio/2008
Francisco Rogério Nagel 3.000 Fev/2009
Nilton Oneda 3.000 Jul/2008
Paulo Werner 1.500 Fev/2008
Vitório dos Santos 989 Out/2007
Escola Vitório Anacleto Cardos 900 Maio/2008
Gilberto Rodrigues 300 Set/2008
Celso José Kistner 90 Fev/2008
Nelito José Raiser 16 Jan/2009
Total 27.745
“As ações do PRA buscam reestabelecer as funcionalidades ecológicas dos ambientes próximos aos rios. A preservação e recuperação gera qualidade de vida, pois garante água de boa qualidade para a sociedade.”
Eduardo Zimmer,
Biólogo da FURB e Coordenador do PRA